A dengue está se propagando rapidamente. É óbvio que temos de fazer mais – e rápido.
Mas como podemos agir se os recursos já atingiram o limite máximo? Se combatemos ao mesmo tempo a malária, chikungunya e muitas outras doenças transmitidas por vetores?
Para afastar estas doenças temos de ser mais espertos. Temos de aplicar todos nossos esforços onde essas doenças têm maior impacto.
Plano de ação
Para fazer esta ideia funcionar precisamos de um plano de ação e um panorama claro das doenças e vetores que devem ser atacados e onde.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem o plano ideal. Conhecido como Gerenciamento Vetorial Integrado (GVI), é uma nova abordagem ao controle de vetores que ajudará os países a usarem as ferramentas e recursos que têm para atacar diversas doenças ao mesmo tempo.
Veja o exemplo das redes tratadas com inseticidas. Já pensou que fazem mais do que apenas nos proteger dos vetores da malária? Também protegem contra a dengue e muitas outras doenças transmitidas por vetores. São apenas um pequeno exemplo de proteção da população contra diversas doenças transmitidas por vetores de uma só vez. Inteligente, não acha?
Mas a GVI não usa apenas uma ferramenta para combater várias doenças, e sim várias ferramentas e recursos contra cada vetor e cada doença. Compartilhando recursos e experiências, a GVI demonstra como os setores da saúde, agricultura e educação podem controlar os vetores de forma mais eficiente.
Kit de ferramentas para guiá-lo
A GVI transforma o controle de vetores tradicionais. Transforma-o em um controle baseado em provas, mais integrado e participativo. Desencadeará mudanças nos papéis e responsabilidades à medida que o setor da saúde e os governos locais constroem novas ligações com outros setores e comunidades locais. Resumindo, requer um modo muito diferente de trabalhar e de pensar, e nem sempre é fácil.
Por isso, para ajudar, a Fundação Bill & Melinda Gates está financiando uma parceria entre a OMS e a Universidade de Durham para produção de kits de ferramentas de GVI. Estes guias práticos, um direcionado para a área Subsaariana e África, outro para as Américas e outro para a Ásia, fornecerão aos países informações detalhadas sobre planejamento e implementação da GVI adaptados a cada situação.
Os kits de ferramentas ainda não estão prontos, mas estarão no próximo ano (previsão de publicação no primeiro trimestre de 2016). Os kits incluirão tudo, desde sugestões para estabelecer estruturas organizacionais, para decidir quem faz o quê no setor público e privado e organizações comunitárias, a mapas de onde estão presentes até 10 doenças transmitidas por vetores. Explicam ainda quais as ferramentas que são eficientes no controle de cada vetor.
E há mais. Os kits de ferramentas também ajudam na vigilância de vetores e no monitoramento da progressão da doença, que, por sua vez, ajudarão os países a verificarem a eficiência da GVI.
As comunidades são a chave para o sucesso da GVI
As organizações de saúde, educação e governamentais terão dificuldades em obter o máximo valor da GVI se não tiverem o apoio da população local. Na verdade, as comunidades terão os papéis mais importantes na GVI, ajudando a identificar a localização dos vetores e o impacto destes.
Se implementada com uma abordagem abrangente e de colaboração, a OMS acredita que a GVI melhorará os resultados e salvará vidas. Se os governos, organizações e comunidades trabalharem em conjunto, acham que conseguiremos ultrapassar as doenças transmitidas por vetores? Compartilhe suas ideias com a gente e junte-se à Tribo da Dengue!
Autor: Roxana
Dengue: os nossos filhos estarão prontos se o dragão adormecido despertar?
De acordo com a recente Previsão de epidemiologia da dengue, os casos de dengue confirmados em laboratório informados pelos sistemas de vigilância nacional no Brasil, Índia, México, Cingapura e Tailândia, os cinco principais mercados farmacêuticos (5MM), aumentarão em uma média de 1,13% por ano na próxima década. O relatório também observa que sorotipos novos ou adormecidos por um longo tempo são condutores significativos da transmissão da doença. Nós decidimos investigar o impacto que eles causam.
Sorotipos adormecidos por um longo tempo
Ao destacar o ressurgimento do sorotipo DENV-3 no Sul do Pacífico depois de quase 20 anos, a Organização Mundial de Saúde explica como a infecção de um dos quatro diferentes sorotipos da dengue proporciona proteção contra esse sorotipo específico durante toda a vida. Isto significa que um surto poderia eventualmente chegar a um nível em que uma proporção significativa da população estaria imune e o sorotipo, então, simplesmente adormeceria.
No entanto, a infecção com um sorotipo só fornece proteção contra os outros três por um período muito curto, de alguns meses no máximo. Assim, enquanto um sorotipo fica adormecido, um dos outros três pode consolidar-se no lugar dele. Pior ainda, parece que a imunidade a um sorotipo poderia torná-lo mais suscetível à infecção por dengue grave de outro sorotipo.
Os sorotipos da dengue podem ressurgir em uma região depois de uma ausência de 15 a 20 anos, tendo estado adormecidos durante o nascimento da próxima geração. A proporção da população sem imunidade acabará por aumentar acima de um determinado limiar e o sorotipo poderá consolidar-se novamente, com o potencial de causar uma grande epidemia.
Essa tendência para adormecer tem contribuído para a negligência da dengue por parte dos especialistas em saúde pública, afirma um artigo no jornal online Nature. Ele sugere que as autoridades de saúde podem equivocadamente dar à dengue uma prioridade baixa enquanto os sorotipos endêmicos da região estão só esperando a próxima oportunidade para explodir em um surto grave.
Novos sorotipos
A previsão também menciona o impacto de novos sorotipos na transmissão da doença. Felizmente, o único novo sorotipo da dengue identificado nos últimos 50 anos é aquele que circula principalmente em primatas não humanos. A Science Magazine relata como o sorotipo DENV-5 foi descoberto em amostras de uma epidemia na Malásia em 2007, mas essa foi a única epidemia humana já registrada.
Atualmente, não se tem certeza do impacto que essa nova descoberta possa ter, embora possa nos ajudar a compreender as origens da dengue e como ela está evoluindo.
Porém, uma coisa é certa: mesmo quando a batalha parece estar vencida, nós não podemos baixar a guarda contra a dengue. Aqueles que combatem a dengue hoje devem lutar para aumentar o foco na doença e ajudar a transformar a previsão em casos reduzidos.
Mais um passo em direção a uma vacina contra a dengue

Vírus da dengue. Todas as imagens são cortesia de Sanofi Pasteur.
Estamos mais próximos de uma vacina contra a dengue? Em setembro de 2014, a empresa farmacêutica Sanofi Pasteur anunciou os resultados da segunda onda de sua Fase III de testes clínicos. A notícia tem como base os resultados positivos do primeiro semestre de seus testes clínicos da Fase III na Ásia.
No primeiro teste, que envolveu 10.275 crianças com idade entre 2 e 14 anos, em toda a Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã, a Sanofi Pasteur informou que a vacina candidata teve uma eficácia de 57% contra a dengue sintomática. Ainda mais importante, o estudo constatou que a vacina candidata tem uma eficácia de 89% contra a dengue grave e reduziu as internações em 67%.
O segundo estudo envolveu um esquema de vacinação de três doses em 20.875 crianças com idade entre 9 e 16 anos, em todo Brasil, na Colômbia, México, Honduras e Porto Rico. A Sanofi Pasteur informou que a vacina candidata mostrou eficácia total de 60,8% contra a dengue sintomática e redução de 80,3% de internações.
De acordo com a empresa farmacêutica, nos dois testes, o nível de eficácia variou entre cada sorotipo de dengue: variando desde 50% para o tipo um, 35% para o tipo dois, 78% para o tipo três e 75% para o tipo quatro no teste asiático. Os resultados foram consistentes, com uma variação menor no teste da América Latina: 50% para o tipo um, 42% para o tipo dois, 74% para o tipo três e 77% para o tipo quatro.
Estes resultados indicam que a vacina poderia trazer uma boa contribuição para alcançar as metas da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a Estratégia global de prevenção e controle da dengue, de 2012 a 2020, que tem como objetivo reduzir a mortalidade causada pela dengue em 50% e a morbidade em pelo menos 25% até 2020.
Redução da gravidade da dengue

“Demorou 20 anos para que a Sanofi Pasteur desenvolvesse a vacina, porque ela é diferente”, observa Dra. Capeding. “Ela protege o indivíduo contra os quatro sorotipos, não importa se somente um ou todos eles estejam circulando em uma região, em qualquer momento. No início, na década de 1940, a vacina contra dengue protegia apenas contra um sorotipo”.
“O desenvolvimento foi ainda mais complicado porque, ao contrário de outras vacinas, não é possível testá-la em animais”, continua. “Os macacos podem contrair a doença, mas a manifestação entre macacos e seres humanos é diferente”.
Maior impacto onde há mais necessidade

Melanie espera que uma vacina esteja disponível em alguns países endêmicos importantes no segundo semestre de 2015: “Em 100 países de risco, a necessidade médica não é atendida com nenhuma vacina e nenhum tratamento no momento. Isso é muito importante para a luta contra a dengue”.
A Dra. Capeding já adianta que ela e outros especialistas em vacina contra a dengue em todo o mundo serão convidados a participar de discussões sobre as prioridades para a vacina em sua região (nas Filipinas) e possivelmente sobre a interação da vacina no programa nacional de imunização.
Esta não é a única vacina contra a dengue em desenvolvimento. Dentre as empresas que trabalham em vacinas contra a dengue estão Takeda, GlaxoSmithKline e Merck (todos em colaboração com outras organizações). Nenhuma delas está na Fase III de testes clínicos, mas em breve criaremos uma publicação separada sobre o trabalho delas.
A year of breaking dengue around the world
A year ago, we created Break Dengue to help combat dengue, have a positive impact, and bring about change. We’re looking forward to being able to do even more in the coming years.
Have a look at what we’ve been able to achieve thanks to your help!
My dengue story: Lyuba from Ukraine living in Myanmar
“My name is Lyuba, I’m 27 years old from Ukraine, and I currently live in Yangon, Myanmar. I had never heard of dengue fever until a few months ago, when I moved to Myanmar and I discovered that my friend Alejandra was working as a travel blogger for Break Dengue. And now here I am – recovering from dengue myself. I was traveling to Central Myanmar for the first time, and was excited to see the famous landmarks: Inle Lake, Mandalay, and Bagan. Apparently somewhere towards the end of my trip I was bitten by a mosquito. I am not used to wearing repellent since mosquitoes usually don’t bite me. What I forgot was that since I wasn’t in Europe anymore it wasn’t just unpleasant bites I had to worry about, but diseases. Dengue mosquitoes are very tricky; unlike malaria mosquitoes, they are active during the day. I would never even have thought about using repellent in the daytime. Fever When I go to Yangon, where I currently live, I had a low fever of 37 C, and occasional body aches. I thought I was getting a cold, and tried to shrug it off. I couldn’t be sick – I was going on a trip to Bangkok! By the time I go to Bangkok the fever had worsened. The evening I arrived it was already 38.5 C. I drank lots of water and took paracetamol. I began to get pains in my low back and neck, so I took some ibuprofen too. It helped for a while but the fever returned. It went on like this for two days: I took the medication, the fever went away – and then came back again, worse than ever. Night-time was the worst: I couldn’t sleep, I had horrible pain in the area behind my eyes, I was shivering, sweating, getting cold and hot. On the third day of high fever I realized I needed a doctor.
At the emergency room of St. Louis hospital they took my temperature. It was 39.9 C; I was really scared. They did some blood tests and a flu test. I was told I didn’t have flu and prescribed some antibiotics, and more paracetamol. The doctor warned me not to take ibuprofen since it could cause bleeding if I had dengue. But nobody could give me a clear diagnosis. Since I had been told that I might have dengue, I looked up more information about the disease, starting with breakdengue.org. The more I read, the more convinced I was that I did indeed have some form best online casino of dengue. For the last two days of my stay in Bangkok I took the medicine I’d been prescribed, but I didn’t feel better at all. The fever kept coming back. When I got back to Yangon I went to a hospital. They did a lot of blood tests – including some for dengue and malaria – but all the tests came back negative. The blood indicators were perfect so the doctors couldn’t give me a clear answer. I was confused and frightened. Local knowledge That same evening I went to another doctor, known among locals for his skill in diagnosis. He examined me by putting a tourniquet on my arm. The tourniquet test showed that I was easily bruised, which is one of the symptoms of dengue. He was certain that I had the disease.
The doctor gave me a special injection of glucose, water, and antibiotics and after that I finally started to recover. The recovery process was slow. For five long days I was crippled with tiredness, and constantly wanted to sleep. In the end things turned out fine and there have been no complications. But I’ve learned my lesson – I will be more careful, and always wear repellent. But what surprised me is why dengue was not diagnosed immediately. In my opinion, some doctors rely too much on blood tests rather than the obvious physical symptoms. I was lucky to have access to all those facilities and tests, but it didn’t help me. If the blood test doesn’t always show dengue, how can doctors – and patients – easily recognize the disease?” Follow Lyuba”s blog: http://lyuben-in-asia.blogspot.com/
Some highlights of my dengue exploration in Cambodia
“There are two problems in the dengue situation in Cambodia,” says Prof. Ngan Chantha, director of the National Dengue Control Program (NDCP) in Phnom Penh. “First, we only know of dengue cases reported by the main hospitals for children, so there is no data on cases in adults. Besides, there are many cases of dengue that are not treated in hospitals but by informal health practitioners in villages, most of them without proper medical accreditation.” In 2013, 17 533 cases of dengue were registered by the NDCP and 59 of those patients died as a consequence of complications with the disease. This number is lower than 2012, which was an epidemic year for dengue, with more than 42 300 reported cases and 189 fatalities. Besides these challenges in the collection of data, there is an additional problem: financial capacity for awareness campaigns. “We have a small budget to operate basic information campaigns, and every year this budget is reduced considerably,” says Prof. Ngan. Official awareness efforts in Cambodia Government efforts to increase public awareness are concentrated on education in the cities and rural villages. Because of financial restrictions, the campaigns use basic technology such as motorbikes and tuk-tuk (the main transportation in Cambodia). The government pays $25US per vehicle per day, to go around the villages with information to help prevent the spread of the disease.
The campaigns also include advertising in magazines and newspapers, as well as TV and radio spots to inform people about the most common places in houses and workplaces for mosquitoes to breed.
Informal health practitioners
Another big concern for public officials is the large number of informal health practitioners in Cambodia, who compromise the quality of medical treatment for people with severe dengue. “We have found dengue cases treated as normal flu. Only when the patients get complications do they finally go to the hospital,” says Prof. Ngan. Although there are charity hospitals where they can get free access to doctors, people prefer to go to a village pharmacy and consult people without proper medical accreditation. I talked to one woman in a rural area outside Phnom Penh who told me that the hospitals are too far from the villages, and that they cannot afford the price of transportation. The hospitals are very crowded, she said, and you have to wait for almost an entire day before you can see a doctor. This could explain why people prefer to go to informal practitioners. “Dengue is a behavioral problem”
I asked Prof. Ngan if he thought dengue could be eradicated from Cambodia some day. “Absolutely not,” he replied without hesitation. I was surprised by his response. “We can run campaigns all year,” he explained, “distribute flyers, make more TV spots. But until people change their bad habits, dengue will keep spreading. And changing a human habit is one of the most complicated things to do.” His words made me consider possible ways to address the problem. Some structural measures are needed to make people change their behavior, but also I think that some creativity in the awareness campaigns could make a difference to how people receive a message.
Dengue initiatives in Mumbai
Although dengue is an extremely preventable disease, the number of affected people is increasing dramatically. The local initiatives that I saw in the city are primarily focused on educating people and raising awareness on the prevention of the disease. Sister Fiona Castelino, nurse at Seefi Hospital in Mumbai, has been treating patients with dengue for many years and she is aware that doctors and nurses play an important role in educating the community. “We educate through lectures and continuous nursing education. We, the nurses, keep talking to people and we educate our own staff in the hospital; we go to health centers in rural areas to treat cases and to educate the people on what happens when they get the disease, and how quickly you have to go to the hospital when you have symptoms that have not subsided,” she shares.
Sister Castelino talks about the importance of educating the community
A local awareness campaign managed by the Brihanmumbai Municipal Corporation (BMC) caught my attention during my week in Mumbai. They displayed banners for dengue awareness across the city, mostly in very crowded streets, on buses, and residential areas. In an interview for a local newspaper, Manisha Mhaiskar, additional municipal commissioner for BMC, mentioned that “there are more than 500 hoardings put up in the suburbs for our awareness programme,” They pay for the spot in some of the places, but for others (those that belong to them), they don’t have to pay anything. The advantage of these posters and billboards is public visibility.
The banners and posters are written in English and Hindi. The ones situated in residential areas also included a legal warning: “You are liable for prosecution under MMIC act if mosquito breeding is detected in your premises.” The campaign received some criticism for starting after the monsoon season (July-September), when the cases of dengue are high. This can explain why, in all the Indian cities that I’ve travelled to, this has been the only public effort I’ve seen raising awareness so far.
More on my visit in Mumbai I did some other activities during my week in the city. I went on a bicycle tour in South Mumbai, visiting flowers and vegetable markets, a fisherman’s village, and some Hindu temples. I also spent a whole morning in Dharavi, dubbed the largest slum in Asia, where I must say that I saw the most hard working, humble, and happy people. You can follow me on Twitter and check my photos on Flickr to check the highlights of this journey.